Corpo de Bombeiros, Prefeitura do Rio
e Polícia Civil estão no local. Dez garotos morreram e três ficaram feridos em
incêndio no CT do Flamengo.
Por
Fernanda Rouvenat, Nathalia Castro e Diego Haidar, G1 Rio e TV Globo

Bombeiros chegaram ao Ninho do Urubu para vistoria antes das 10h — Foto: Fernanda Rouvenat/ G1
Autoridades
realizam uma inspeção no centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu,
na manhã desta terça-feira (12), para definir se há necessidade de interdição.
O Corpo de Bombeiros e a Prefeitura do Rio chegaram ao local antes das 10h. A
Polícia Civil e o Ministério do Trabalho também participam. O objetivo é apurar
possíveis irregularidades no local, onde dez garotos morreram e outros
três ficaram feridos em um incêndio na última sexta-feira
(8).
O caso está sendo
investigado pela 42ªDP (Recreio dos Bandeirantes). Os investigadores devem
ouvir os depoimentos de funcionários do Flamengo que estavam no local na hora
do incêndio. O gerente de patrimônio do clube e outros três profissionais devem
falar aos policiais. A expectativa é que eles esclareçam quais eram as equipes
que prestavam serviços ao Ninho do Urubu e sobre as condições das instalações.

Carro da Prefeitura do Rio na chegada ao Ninho do Urubu para vistoria —
Foto: Fernanda Rouvenat/ G1
Representantes da
empresa responsável pela construção dos módulos onde as vítimas dormiam também
devem prestar depoimento.
O incêndio atingiu
o alojamento dos atletas da divisão de base do futebol do clube, que ficava em
uma área de estacionamento do centro de treinamento.
O meio-campo Diego
Ribas, uma das estrelas do time principal, falou em entrevista coletiva pouco
antes da vistoria que chegou a usar a estrutura provisória do clube. Ele chegou
a se emocionar durante a declaração.
“Em relação às
estruturas do Flamengo é nítido e claro que é um clube que tem procurado
evoluir diariamente e tem demonstrado isso. Não só para os profissionais, mas
pra base. Cheguei em 2016, era tudo de container: usei toda essa estrutura.
Acompanhei a evolução do clube. Não estou aqui para falar das questões técnicas
e burocráticas. Se alcançou o ideal ou não, não cabe a mim dizer. É uma tragédia.
A maior do clube. Quem está aqui vai carregar isso,” destacou o atleta, que
visitou os sobreviventes na segunda.

O atleta Diego Ribas se emocionou ao falar da tragédia no alojamento do
clube — Foto: Fernanda Rouvenat/ G1
Entre os três
atletas feridos, Jhonata Ventura permanece internado no Centro de Tratamento
Intensivo (CTI) do centro de queimados do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na
Zona Oeste. Ele não está mais sedado.
Francisco Dyogo
segue internado no Hospital Vitória e continua no CTI, pois precisa da ajuda de
aparelhos para respirar. Ele teve uma melhora no quadro de saúde. Cauan Emanuel teve alta e
está com a família em um hotel. Quando estiver bem, ele deve ir para Fortaleza
com a família.

Incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, em Vargem
Grande — Foto: Reprodução/TV Globo
Em uma reunião no
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) na tarde de segunda,
o Flamengo comunicou a decisão de
suspender o pernoite de qualquer pessoa, inclusive de
atletas, no Ninho do Urubu.
O clube também
prometeu trabalhar para a liberação de indenizações aos familiares das vítimas
"o mais rápido possível" e afirmou que não está "poupando
esforços" para atender os parentes.

Os três feridos no incêndio no CT do Flamengo — Foto: Montagem G1
Dois projetos
enviados pelo Clube de Regatas do Flamengo à Prefeitura do Rio – um em 2010 e o
outro em 2018 – não previam o módulo de contêineres que pegou fogo. A TV Globo obteve as plantas
com exclusividade.
No papel, a área do
alojamento receberia outros usos: no Bloco 7, ficariam depósitos e uma
lavanderia; no Bloco 8, um escritório da administração; espaços em branco foram
assinalados como estacionamento.
Na atualização da
planta em 2018, os contêineres onde dormiam atletas das categorias de base
também não apareciam. Mas houve algumas novidades no projeto. As mudanças
previstas pelo Flamengo aumentariam o estacionamento, que ocuparia as áreas
onde ficariam a lavanderia e a administração.

No detalhe, a área ocupada pelos contêineres — Foto: Reprodução/TV Globo
Em nota, a
prefeitura explicou que a licença obtida em abril pelo Flamengo com esse novo
projeto permitia apenas a construção de prédios, e não a utilização.
Para a prefeitura,
o CT ainda estava em construção; por isso, não tinha o habite-se - a certidão
atestando que o local está pronto pra ser habitado e que foi construído conforme
as exigências estabelecidas pelo município.
O Ninho do Urubu
também não tinha alvará de funcionamento e chegou a ser interditado em outubro
de 2017 e, desde então, foi multado 31 vezes. O Flamengo pagou 21 dessas
multas.
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